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11 de nov. de 2010

Clarice Lispector escreve crônicas para jovens

Os pensamentos dela fluem. São confortantes e nos falam para a alma. Alguns são tão curtos, mas de uma profundidade e delicadeza tão dela que é como se a Clarice Lispector, morta em 1977, estivesse prevendo o advento do twitter e escrevesse em apenas 140 caracteres. "Fiz hoje na escola uma composição sobre o Dia da Bandeira, tão bonita, tão bonita... pois até usei palavras que eu não sei bem o que querem dizer".

Assim é "De Escrita e Vida" (Rocco), uma Clarice para jovens. "Estou com saudade de mim. Ando pouco recolhida, atendendo demais ao telefone, escrevo depressa, vivo depressa. Onde está eu? Preciso fazer um retiro espiritual e encontrar-me enfim - enfim, mas que medo - de mim mesma".
Divulgação
Obra resgata a essência dos textos de Clarice para público iniciante
Obra resgata a essência dos textos de Clarice para público iniciante
Ela vivia para escrever ao contrário de simplesmente escrever para viver, como bem define na apresentação do livro Pedro Karp Vasquez. Daí ela nunca ter se interessado pela teoria literária e chegou, inclusive, a se declarar incomodada com aqueles que a qualificavam de hermenêutica ou de atribuírem intenções ou influências indevidas.

"Nem tudo o que escrevo resulta numa realização, resulta numa tentativa. O que também é um prazer. Pois nem em tudo eu quero pegar. Às vezes quero apenas tocar. Depois o que toco às vezes floresce e os outros podem pegar com as duas mãos". 

É que para Clarice escrita e vida eram as duas faces de um mesmo milagre: a vida cotidiana. "Quando não estou escrevendo, eu simplesmente não sei como se escreve. E se não soasse infantil e falsa a pergunta das mais sinceras, eu escolheria um amigo escritor e lhe perguntaria: como é que se escreve?".

Em "De Escrita e Vida" , alguns leitores poderão encontrar as chaves para a compreensão das motivações profundas de sua obra. "Minhas intuições se tornam mais claras ao esforço de transpô-las em palavras. Isso eu escrevi uma vez. Mas está errado, pois que, ao escrever, grudada e colada, está a intuição. É perigoso porque nunca se sabe o que virá - se se for sincero". 

Outros leitores encontrarão estímulo para escrever e, assim, adensar de suas próprias vidas. "mas já que se há de escrever, que ao menos não se esmaguem as palavras nas entrelinhas".

A escritora Clarice Lispector nasceu em, Tchetchelnik, na Ucrânia, em 10 de dezembro de 1920, e chegou ao Brasil em 1922, tendo morado em Maceió, Recife, Rio de Janeiro, e, mais brevemente, em Belém. Por ter sido casada com o diplomata Maury Gurgel Valente, com quem teve dois filhos, Clarice também morou em Nápoles (Itália), Berna (Suíça), Washington (EUA) e Torquay (Inglaterra), antes de retornar ao Rio de Janeiro, onde morreu em nove de dezembro de 1977. 

Noticias de Agora - 11/11/2010