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28 de dez. de 2010

“O Cravo e a Rosa” e “A Favorita” no pódio das melhores da década

Novelas de Walcyr Carrasco e João Emanuel Carneiro também são lembradas pelo público

“O Clone” foi eleita pelos internautas do iG a novela da década, mas duas outras tramas ficaram em honrosa posição. Completando o pódio, em segundo lugar ficou “O Cravo e a Rosa”, novela de Walcyr Carrasco, e em terceiro “A Favorita”, de João Emanuel Carneiro.

Du Moscovis e Adriana Esteves em "O Cravo e a Rosa"

“O Cravo e a Rosa”, exibida de 26 de junho de 2000 a 9 de março de 2001, recebeu 16% dos 31.468 votos, mostrando que ainda está muito viva na memória do público. A novela, exibida na faixa das 18h00, fez sucesso ao adaptar para a telinha a clássica peça “A Megera Domada”, de William Shakespeare. Em vez da Itália renascentista, o cenário da ação é a São Paulo do início do século 20. O mote é o mesmo da peça: a indomável Catarina é obrigada a se casar com um homem rude, Petruchio, e por ele é “amansada”. A novela da Globo teve atuações impagáveis de Adriana Esteves como Catarina e Du Moscovis como Petruchio, certamente grandes responsáveis pelo sucesso da trama.

Além dos protagonistas carismáticos, a novela ainda contava com um excelente núcleo cômico em torno da fazenda de Petruchio. Pedro Paulo Rangel deu vida ao simpático Calixto, cuja filha, Lindinha (Vanessa Gerbelli), atormentava Catarina, interessada em atrapalhar o casamento da aristocrata com seu amor, Petruchio. Se por um lado fazia a protagonista sofrer, por outro Lindinha tinha que lidar com a paixão de Januário (Taumaturgo Ferreira), um simplório caipira que andava sempre com uma porquinha de estimação. A criada da fazenda, Neca (Ana Lúcia Torre) completava a divertida trupe.

Pedro Paulo Rangel, o Calixto

iG - O que “O Cravo e a Rosa” significou para a sua carreira?
Walcyr Carrasco - Foi a minha primeira novela na Globo. Eu havia escrito “Xica da Silva” na TV Manchete e “Fascinação” no SBT. “O Cravo e a Rosa” abriu espaço para mim na principal emissora do país, o que significou uma virada na minha carreira. Além disso, do ponto de vista pessoal também foi muito importante. Desde que comecei a escrever televisão, quando alguém queria dizer que um ator não era popular, usava a expressão “ele quer fazer Shakespeare”. Eu fiz e provei que Shakespeare é popular.
iG - Na sua opinião, o que a trama teve de inovadora para cativar o público?
Walcyr Carrasco - Se eu puder chamar uma obra de Shakespeare de inovadora... foi justamente a preservação do humor muitas vezes politicamente incorreto de “A Megera Domada”. E, modéstia à parte, a coragem de trabalhar com perfis de protagonistas não usuais: Catarina chegava às raias da antipatia, Petruchio era grosso, mal vestido. O trabalho de Adriana Esteves e Du Moscovis, grandioso, deu humanidade a esses personagens tão difíceis.

iG - Como você explica o fato de uma novela exibida há quase dez anos, na faixa das 6 da tarde – ou seja, fora do “horário nobre” –, ficar em segundo lugar na preferência do público?
Walcyr Carrasco - Eu acho que a novela marcou o público. Até hoje as pessoas falam comigo sobre ela. Os personagens são presentes na vida das pessoas. Mas o mérito não é meu: a peça original tem séculos e continua atual.


Quem é a mocinha, quem é a vilã?
Já a terceira colocada, “A Favorita”, de João Emanuel Carneiro, recebeu 13% dos votos da enquete. Exibida de 2 de junho de 2008 a 16 de janeiro de 2009, no horário das 21h00, foi a primeira trama de Carneiro no horário mais nobre da televisão brasileira após ele escrever os sucessos “Da Cor do Pecado” e “Cobras e Lagartos” para a faixa das 19h00. Um dos autores mais promissores da nova geração, ele ousou ao apresentar a história sem deixar claro quem era a vilã, quem era a mocinha.

 “A Favorita” começa quando Flora (Patrícia Pillar) deixa a prisão após cumprir 18 anos de pena pelo assassinato de Marcelo Fontini, marido de Donatela (Claudia Raia). Flora e Donatela, que haviam sido amigas de infância, passaram a disputar o amor do mesmo homem, e a rivalidade das duas resultou no crime. Flora sai da prisão dizendo que foi injustiçada, que era amante de Marcelo e foi condenada por uma armação de Donatela. A viúva, por sua vez, sustenta que a ex-parceira era culpada.

Na época do lançamento da novela, Carneiro explicou: “Pretendo discutir o julgamento que fazemos das pessoas. Acho que, hoje em dia, a gente não sabe nunca quem está dizendo a verdade. Não se sabe se os políticos estão dizendo a verdade, se as pessoas próximas a você são confiáveis... Nós estamos vivendo em uma época em que somos, em geral, lançados muito à dúvida. De certa maneira, essa história é uma ousadia, com a versão tradicional do folhetim. É uma brincadeira com isso, uma provocação ao folhetim.”

A revelação de que Flora era realmente a vilã da trama só aconteceu dois meses depois do início da exibição da novela. A partir da cena em que Flora e Donatela conversam sozinhas, a vilã passa a perseguir a rival e toda sua família, mostrando maldades dignas de uma das melhores psicopatas dos últimos tempos.

Além da forte história central, “A Favorita” ainda exibiu subtramas capazes de prender a audiência. O romance da filha de Flora, Lara (Mariana Ximenes), com Halley (Cauã Reymond) ganhou contornos dramáticos ao mostrar o drama de Halley. Ao descobrir que é filho de Donatela, o jovem passa a acreditar que é meio-irmão de Lara, já que a vilã sustenta que a moça é fruto do caso que tinha com o marido de Donatela. Apenas no fim da novela eles descobrem que Lara na verdade é filha de Dodi (Murilo Benício).

Apaixonados, Mariana Ximenes e Cauã Reymond sofrem ao acreditar que são irmãos

Também despertou interesse o drama de Catarina (Lilia Cabral), casada com um marido violento e rude, Léo (Jackson Antunes). Depois de sofrer muitas humilhações, Catarina acaba se tornando independente a partir da amizade que desenvolve com a homossexual Stela (Paula Burlamaqui).
Nos números da audiência, “A Favorita” começou mal: sua estréia teve uma das piores médias de novelas do horário, marcando 35 pontos e 49% de share. Com o tempo, no entanto, a produção se recuperou – e como. Em seu penúltimo capítulo, registrou sua melhor média, 52 pontos, pico de 55 pontos e share de 76%. Foi o maior índice da Globo em cinco anos, desde a exibição de “Senhora do Destino”.




Novela / Famosas / Famosos - 28/12/2010